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segunda-feira, 11 de maio de 2015

Uso potencial da água de coco na tecnologia de sêmen




A produção brasileira de coco sempre foi de fundamental importância na vida e economia das populações do Nordeste do país. Sua utilização abrange as mais diversas áreas do conhecimento. O presente estudo teve por objetivo apresentar o potencial da água de coco em suas várias formas de utilização na área de biotecnologia da reprodução, como diluente seminal de diferentes espécies de animais em processos de conservação. Diversos são os trabalhos que demonstram a eficácia da água de coco na manutenção de características in vitro e in vivo da célula espermática de várias espécies, mantendo assim sua capacidade fecundante. Sua utilização como diluente é uma importante alternativa para o transporte de sêmen a curta distância e para a realização da inseminação artificial, além do seu fácil preparo e baixo custo. Com este trabalho, foi possível observar que a água de coco apresenta características bioquímicas necessárias a um diluente seminal e sua utilização pode aumentar a difusão dos programas de inseminação artificial em espécies animais de interesse econômico.


A água de coco é o líquido do endosperma encontrado dentro da cavidade do fruto, que começa a se formar em torno de dois meses após a abertura natural da inflorescência. Ela corresponde a 25% do peso do fruto, e sua composição básica é de 95,5% de água, 4% de carboidratos, 0,1% de gordura, 0,02% de cálcio, 0,01% de fósforo, 0,5% de ferro, além de aminoácidos, vitamina C, vitaminas do complexo B e sais minerais (Aragão, 2000). Ela possui diversas propriedades funcionais como: solução de hidratação oral, suplemento proteico onde o déficit nutricional é alto e, em casos graves, pode ser utilizada como solução de hidratação intravenosa (Campbell-Falck et al., 2000). Ela ainda se destaca por sua capacidade diurética, seu poder antioxidante e ação protetora em relação ao aparecimento de tumores malignos (Lim-Sylianco et al., 1992).


Na área da biotecnologia da reprodução, ela apresenta características que a classificam como um bom diluente de sêmen, já tendo sido utilizada com sucesso em várias espécies, quais sejam: suínos (Aires e Toniolli, 2005), caprinos (Azevedo e Toniolli, 1999; Nunes e Salgueiro, 1999), ovinos (Braz et al., 2003), bovinos (Alberti, 2004), caninos (Cardoso et al., 2005), felinos (Silva et al., 2007), macacos (Araújo et al., 2007) e humanos (Nunes, 1998).


O processamento do sêmen utilizando diluentes adequados é um dos pontos críticos para o sucesso de um programa de inseminação artificial (Corrêa et al., 2001). Sua utilização tem como objetivos evitar a acidificação do meio e o choque térmico da célula, ocasionados por temperaturas mais baixas (Cavalcanti, 1998). Para tanto, os diluentes são compostos por substâncias quimicamente diferentes entre si, que têm por objetivo aumentar o volume do sêmen, manter seu pH, inibir o crescimento bacteriano e manter a viabilidade da célula espermática até o momento da inseminação artificial.


Processos como refrigeração e congelação, essenciais para os programas de inseminação artificial, provocam sérios danos às células com a ruptura das membranas espermáticas, particularmente a do acrossoma (Pickett et al., 1987), além das membranas mitocondriais e nucleares. Esses danos levam a uma diminuição da motilidade e do tempo de sobrevivência do espermatozoide no trato reprodutivo da fêmea, afetando seu potencial fecundante. Assim, o desenvolvimento de um diluente que mantenha a viabilidade da célula espermática por um período maior de tempo é uma alternativa importante para a tecnologia da conservação do sêmen de diversas espécies. Esse trabalho teve por objetivo realizar um breve relato sobre a água de coco, avaliar seu potencial em diferentes processos biológicos e sua atuação como diluidor sobre a qualidade seminal em várias espécies domésticas.
 

Utilizações da água de coco nas áreas nutricional, médica, biotecnológica e de cosméticos
 
Além do seu uso na própria alimentação humana, a água de coco tem apresentado importância significativa com uma ampla utilização em diferentes áreas do conhecimento. Na área médica, as propriedades desse líquido destacam-se por sua capacidade diurética e vêm sendo testadas no tratamento de urolitíases (Magat e Agustín, 1997), além do poder antioxidante, que pode estar associado à presença da vitamina C, mas também à interação com outros possíveis compostos ativos. Entretanto, esta última propriedade ocorre particularmente na água do coco in natura e se reduz de forma acentuada com a industrialização do líquido (Carvalho et al., 2006).



Há anos a água de coco vem sendo utilizada pela cultura popular como bebida capaz de combater a desidratação. Estudos recentes comprovaram este conceito, considerando a bebida um importante repositor de eletrólitos. Assim, tem-se levantado a possibilidade do seu uso na reidratação, em casos de diarreia crônica, pois, além da grande quantidade de potássio, possui também glicose (Kuberski et al., 1979). Em virtude disso, ela tem sido recomendada para repor a perda de líquidos do trato gastrointestinal (Khan et al., 2003). Sua utilização como solução no tratamento da desidratação grave ou desnutrição proteica de crianças e idosos ocorre devido à sua composição semelhante ao soro glicosado isotônico (Laguna, 1996).

A água de coco, por apresentar uma grande quantidade de sais minerais, como o sódio, potássio, cálcio, magnésio manganês, ferro, zinco e cobre, e por conter vitaminas do complexo B e C, vem sendo utilizada em produtos cosméticos, como hidratantes para o corpo e cabelos (Carvalho et al., 2006).
 
Em virtude da presença de açúcares, ela foi testada na área biotecnológica como meio de cultivo in vitro para embriões de Jatropha curcas L. (pinhão-manso). Sua presença proporcionou um melhor crescimento das plântulas (Nunes et al., 2008). Ainda nesta área, uma solução à base de água de coco foi comparada à solução salina quanto a sua eficiência na preservação de folículos pré-antrais (Costa et al., 2002), que correspondem a mais de 90% da população folicular do ovário (Santos et al., 2008). Ambas as soluções mostraram igual eficiência para conservar folículos pré-antrais caprinos a 4°C. No entanto, para conservá-los em temperaturas mais altas, a solução à base de água de coco é mais recomendada (Costa et al., 2002).
Em processos tecnológicos de inseminação artificial, o desenvolvimento de um diluente que mantenha a viabilidade da célula espermática por um período maior de tempo é uma alternativa importante para a tecnologia da conservação do sêmen de diversas espécies. Em virtude das características da água de coco citadas acima, ela vem demonstrando um grande potencial na conservação da célula espermática em diversas espécies de animais domésticos, como os suínos (Toniolli, 1989), ovinos e caprinos (Nunes e Salgueiro, 1999).

Fonte:http://www.cbra.org.br/pages/publicacoes/rbra/v35n4/pag%20400-407.pdf

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